[---- 36 anos, coimbra, pt, poeta. ----]
me vi ali
e te vi também - não sou egoísta!
me encantei com isso e percebi
que não me encontrava à tua vista
achei que não me vias...
mas o que é ver?
não preciso que me vejas:
não sou exibicionista!
o que interessa é que observo
e que, apesar da tua roupagem,
imagino,
e começo a me sentir aquilo que esqueci o nome
meu pensamento se chama território
e rio dos restos mortais no velório das palavras
minha pele se chama pequena
e clamo as chamas que queimam as pestanas de Joana
meus pêlos ouriçados mostram os deslizes de minha mente insana
e o meu sentimento atende por ana
Do que a terra mais garrida,
teus risonhos lindos campos têm mais flores.
Suas flores são mais bonitas,
seus bosques têm mais vida,
suas vidas, mais amores,
mas custam cem mil réis a dúzia.
Quanto vale a margarida?
Olhei dentro de você e vi uma mina de carvão.
Eu sou a bomba atômica que explodiu seu coração.
Tanto pó, tanta sujeira, dentro dessa tua mina...
Acabar com tudo isso: é essa minha sina.
E é assim, hoje em diante
sem nenhuma porcaria, só diamante.